segunda-feira, junho 09, 2008

Tardes

A sala tinha dois planos com lados simétricos. Um dava ao mar, outro, na parte mais alta, dava para ao campo.
Estavas virada para o campo. Lá, sentada, com o cigarro a correr para o filtro, pensavas de forma frenética. Olhavas as ramagens, acompanhando o vento pouco subtil. Não era preciso perguntar-te o que te afligia, mas não eras a única com inquietudes. Virei-te as costas e corri a porta dizendo que iria ver o mar. Não me respondeste, mesmo ouvindo perfeitamente os meus passos.
Arrastei-me, sem paciência, contra o vento que ia ao encontro de ti e do campo. Sentei-me. Fiquei eu e as ondas, numa incompreensão, com inconstantes desencontros. Fechei os olhos e senti o cheiro a mirra do teu corpo. Sabia que continuavas sentada, a olhar para os ramos, e isso apertava-me o peito.

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 Sobre a mão Se pegasses na minha mão e me guiasses pelo Parnaso, Os meus dias seriam menos sedentos e sombrios, Sem os espasmos de sofr...