sexta-feira, outubro 30, 2009

Saudades

de escrever as lições com a canela azul, marcar as faltas e rubricar.
Para quem não sabe, hoje em dia, os nossos antigos livros de ponto foram substituídos por um programa de sumários. Algo, à primeira vista, fácil de utilizar, prático. Teoricamente, há portáteis nas secretárias dos professores, onde, em vez de abrir o livro, abrimos o programa e depositamos as informações.
Contudo, as substituições de aulas/ premutas, as faltas dos docentes e outras coisas ficam à margem...

Quinta de luz


Com a ajuda de professores, pais, encarregados de educação e alunos, abraçámos Lisboa da margem Sul.
Oito horas de regras, oito horas de diversão, oito horas de conhecimento:
- arte manuelina;
- descobrimentos;
- geografia mundial;
- literatura ( lida em voz alta dos bancos dos jardins);
- contemplação arquitectonica;
- companheirismo e amizade.

Atrasámos 5 min na chegada, mas demos um salto surpreendente nas vivências de cada uma das pessoas.

Agora, vou para o banho, pois tenho 6h de LP ;)

quarta-feira, outubro 28, 2009

Sementes


Há poesia no bairro. É através dela, num sonho projectado no futuro, que temos de acreditar na mudança. É daquela mini aldeia global que vemos Lisboa, que vejo sair como pássaros negros, todos os dias, para a escola, muitas das minhas crianças. Elas deverão voar, juntos de outros pássaros, ao encontro do Mundo. Conseguirão? A minha função, a vossa função é ensiná-las.
O fim do dia foi sobre a análise psicopatológica de dois casos. Verdadeiros. Meus.

Aconselho

O homem escraviza-se àqueles que dizem que dizem que devemos pensar, fazer, sentir e até comer (...) É uma rede que aprisiona até aquelas pessoas que não sendo crentes, como é o meu caso, não ignoram nem negam os valores do cristianismo. O ateu absoluno não existe.

In, JL

Quais as vivência que fizeram dele um não crente? Eu compreendo e identifico os meus motivos e questiono-me se há ideias/vivências paralelas com os demais.

CT

A primeira parte da visita correu lindamente. Uma mesa cheia, e entenda-se, de valores, sentimentos, interesses e, sobretudo, de fome! Um calor com cheiro dos aromas africanos, onde a mandioca cozida e o caril deambulavam sobre nós.
De seguida, fomos dar um giro no bairro, onde mais tarde deverei descarregar as fotos que transmitem a atitude e as cores das gentes que o coabitam.
A segunda parte da visita ficou adiada. Há reuniões, marcadas em cima do joelho, por motivos vários, que se apoderaram do tempo e até das nossas escolhas.
Aqui, na biblioteca, ouve-se reuniões paralelas e eu espero, pacientemente, lendo o JL de 21 de Outubro.

terça-feira, outubro 27, 2009

Visitar a comunidade

A escola vai conhecer as comunidades, nomeadamente dois bairros: Cova da Moura e o 6 de Maio.
A visita tem como objectivos:
- Conhecer o meio e as estruturas, ou faltas, dos bairros mais problemáticos de Lisboa, onde mais de metade da comunidade escolar habita;
- Por-nos a par das dificuldades, das limitações e de vivências pouco habituais dos professores e funcionários;
- Compreender o porquê das falhas/ faltas de materiais, trabalhos de casa e pouca paciência por parte das crianças.
Começará às 13h45, com almoço na Cova da Moura, no Coqueiro, onde as ementas patinam entre a Cachupa e a Muamba de Galinha e o contacto directo com os habitantes-pais-alunos.
Da tarde, será a parte mais complicada da visita, o Bairro 6 de Maio. As paredes e barracas que intimidam qualquer pedestre, as pessoas que, infelizmente, sofrem o estígma do preconceito racio-habitacional.
Esperaremos por frutos e lutaremos para que as crianças tenham uma vida melhor.
Ensinar não passa só por ditar regras de gramática e equações. Passa, antes de mais, por criar o espírito crítico e fazê-los caminhar correctamente. Entendam a metáfora que eu tentarei entender o que irei ver amanhã.

segunda-feira, outubro 26, 2009

Lê-se,


ao sol, sem paciência para falsos moralismos. A ficção vale per si.
(...) enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. (...) Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama.
Caim, J.S.

Portugal nos séculos XV e XVI


O fds foi para fazer o tpc.
Quinta tenho uma visita de estudo sobre o Tejo e como ando a dar a Expansão Marítima, fui estudar uns pontos parao meu 6º A. Iremos ao Padrão dos Descobrimentos, ao Mosteiro dos Jerónimos e ao Cristo Rei.
Tenho uma dor humanista de não ter o 9º a LP, pois seria o palco perfeito para o episódio da "Despedida", d' Os Luísadas, ora fitando para o Tejo, ora o Restelo.

domingo, outubro 25, 2009

By RR


Há quem nasça para ser uma sombra e há quem nasça para se ver reflectico, completo, visível!

Σχιζοφρενία


Dá-me meia hora, organiza os teus "eus" que eu levo os meus e, juntos, não diremos nada.

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda esta viagem
Onde quis
Ser quem me agrada
Mas fui feliz
Não digas nada.

F.P. In Cancioneiro

sábado, outubro 24, 2009

Não resisti


Tinha, há semanas, combinado em ir a Sintra, mas por vários assuntos, decidi ir adiando, até que hoje, depois de 4h de aulas, duas das quais sobre problemas psicóticos, resolvi arejar a minha mente. Fui, com o sol no rosto e os óculos postos para calibrar a noite e as horas de leitura. Vi, contemplei, conversei com os meus "eus" e lanchei na Piriquita. Arrastei-me serra a cima, deixando para trás a minha saúde e paciência. As curvas sombrias e a humidade escondiam o que eu esperava.
Entrei em Catarse e é disso que eu vivo. Dia após dia.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Momentos

Tenho sido acordado com o barulho da chuva. Ela, inquieta, teima em riscar os vidros da janela. Levanto-me, tomo um duche rápido e parto para a escola, onde os pequenos, molhados, aguardam pela hora do toque. É desconfortável. Recordo-me quando era estudante, rescordo-me do cheiro a pão de froma com planta e do Nesquik gelado nos dias de chuva. Dos momentos morosos na paragem à beira da N16.
Agora, volto a sentir os cheiros, só que vindos das janelas dos rés-de-chão dos prédios ao lado da escola. Eu continuo, irritadamente, molhado e compreendo o desconforto dos meus pequenos. Detesto as gotas, o barulho dos pneus nos charcos, os guarda-chuvas ensopados nas latas velhas das salas.
Detesto a chuva, mas choro, por saudades, por não ver da minha cidade o branco da Serra.

domingo, outubro 18, 2009

MVSEV da Presidência



Pela segunda vez estive a rever algumas peças da história da nossa presidência. Confesso que o vaso grego, oferecido a D. Pedro V pelo papa Pio IX faz-me alguma confusão. Afinal o que D. Pedro V tinha a ver com a República? O conceito do museu não é compilar objectos/momentos da nossa história enquanto República?
Vale pelas imagens, pelos óleos, pelas peças e, sobretudo, pelas ordens dispostas como arco-íres sob dourado.

terça-feira, outubro 13, 2009

sexta-feira, outubro 09, 2009

Noua domus

Felizmnete, consegui arranjar um sítio para pôr as minhas tralhas e para ter algum espaço, pois partilhar um apartamento com mais duas pessoas fixas, uma que só aparecia de vez em quando e os senhorios ao fim-de-semana ( com o senhor sem t'shirt) estava-me a fazer alguma confusão.
Da D. só tenho a obrigação com a P.O.D.C., nada mais.
Para compreenderem, hávia dias, ok, todos os dias... que o senhor que também lá vivia, com 76 anos, punha, à mesa, o rolo do papel higinénico! Prevenção? Quero lá saber!
Agora vivo. Vivo, em pleno. Sem stress, sem obrigatoriedades, confortável.
As portas estão abertas, bastam mandarem uma mensagem 30 minutos antes de chegarem ;)

quarta-feira, outubro 07, 2009

Orgulho


A minha escola é prioritária, é de risco, é de esperança.

Esperança de uma formação contínua e reforçada, com o desejo de atingirmos os objectivos traçados, alcançando expectativas e, sobretudo, formar bons cidadãos.

Como Lisboa é uma cidade para o mundo, todos sabemos que a diversidade passa muito mais do que lojas internacionais, hábitos de vidas alternativas e restaurantes bem decorados. Lisboa, como toda grande cidade, é uma verdadeira caixa desarrumada, onde a pluralidade cultural aumenta e se reproduz. Por norma, a diversidade cultural não acompanha o desenvolvimento sócio económico, fazendo com que muitas necessidades também se multipliquem e surjam falhas no sistema do nosso tecido social.

Com o stress, com as preocupações económicas e até a despreocupação sociocultural de alguns pais, as crianças ficam à margem de uma educação rigorosa e de uma cultura estrategicamente organizada. A função da escola, nesses casos, é proporcionar-lhes uma vida confortável, fazendo com que as crianças saiam dos bairros para o mundo. Para um mundo diferente, sem barracas, com uma alimentação saudável, com a boa utilização da língua e, principalmente, com amor, cativando-as para a dita escola para o mundo. O nosso objectivo é superior a qualquer colégio, a qualquer aula particular de piano, francês ou boas maneiras. O nosso objectivo é trazer uma comunidade fragilizada, pelos estigmas do preconceito racial e pela carteira desfavorecida, para um local onde todos os saberes dão as mãos.

Nascemos e nos educamos para ensinar, para amar, para cativar e para levar às crianças de risco uma vida sã, correcta e com princípios.

Sinto-me TEIP, sou TEIP e continuarei sê-lo onde quer que trabalhe.





segunda-feira, outubro 05, 2009

Natus est

Ontem, por volta das 16h30 nasceu o meu G.

A M. esteve desde as 8h na maternidade a espera de algum sinal do pequenino, mas como não se sentia com nenhuma vontade de sair do conforto da mamã, prolongou a sua estadia por algumas horas.

Quando cheguei o G. encontrava-se dentro do gabinete de enfermagem, juntamente com o papá, duas enfermeiras e a pediatra. À primeira, senti um clima pesado de medo, pois pouco sabiam dele e como o cubo de vidro possuía uma película aderente mais alta do que eles, não conseguiam ver o que se passa. Pus-me de ponta de pés e vi-o pela primeira vez, ainda rosado, vestido de amarelo, posto de frente aos olhos lacrimosos do pai que lhe segurava a mão com todo o cuidado.

Estremeci, contemplei e sorri para os meus pais que também tinham os olhos em lágrima.

Passados alguns momentos, o papá olhou-me e disse que estava tudo bem. Passei a informação aos pais dele que de igual forma sapateavam o corredor. Aguardamos mais um pouco até o momento tão aguardado da a família pode entrar ! Não me fiz de rogado, atirei-me à frente de todos, pois, como dizem, o padrinho é o substituto do pai! Tirei as medidas do seu rosto, milimetricamente, desenhado pelo Senhor. Estava quentinho e muito calmo e deitava para fora uma espécie de pio próprio das pequenas corujas. Há 24h acariciava barriga da mamã e agora, tal como o papá, apertava-lhe a mão, marcando a minha presença.

Que tenhas saúde, sejas idóneo, pois amado serás todos os dias da tua vida.


domingo, outubro 04, 2009

Esperamos



A M. já se encontra na Maternidade do HST.
Aguarda, pacientemente, pelo nosso G., juntamente, com o papá babado.
Parece-me estar mais calma, parece ser a mais consciente de todos nós. Fruto da chamada maternidade, compreensão/ ligação directa.

Aguardamos, já sem unhas, sem café em casa e com o ar estúpido do meu pai.

Que a cegonha não venha pelo IC19 ;)

quinta-feira, outubro 01, 2009

Indo eu


O dia só vai a meio e estou com uma soneira...
Ainda faltam 3 blocos. Só me apetece encostar na cadeira e adormecer, mesmo sentado, a ouvir os carros e a miudagem por baixo da minha janela.
Contudo, tenho pôr a tralha na pasta e beber o café na sala das gralhas.

 Sobre a mão Se pegasses na minha mão e me guiasses pelo Parnaso, Os meus dias seriam menos sedentos e sombrios, Sem os espasmos de sofr...