segunda-feira, maio 17, 2010

Amanhã

Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d’açucenas!

Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d’oração!

“Amo-te!” Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d’amor e felicidade!

Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então… brandas… serenas…
Cinco pétalas roxas de saudade…

Florbela Espanca

Podia ser este, pois não há versos mais belos do que aqueles que nos apertam o peito em dias calmos. Prefiro a dificuldade do amor à falta de desejo de viver. Por vezes estão de mãos dadas, mas cabe-nos a nós saber separar as águas e escolher os caminhos. Uns com pedras. Outros, à beira mar, mesmo que com algumas ondulações.

É a ti que escolhi e é a ti que deixarei uma cadeira na minha sala, para que os meninos do 6º te declamem.

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 Sobre a mão Se pegasses na minha mão e me guiasses pelo Parnaso, Os meus dias seriam menos sedentos e sombrios, Sem os espasmos de sofr...