
Rejeito-lhes os olhos, mas sinto-lhes as patas, rugosas e frias, a tocarem o soalho que não range. A medida que o tempo passa, criam uma confiança que as faz aproximar. Continuo no meu canto, com o olhar fixo na parede branca, inerte e inconsciente.
Rejeito-as, perco-me no branco e, a pouco e pouco, sinto-lhes o cheiro a pelo.
Cheiram-me, tocam-me com os bigodes.
Levanto-me, sem fazer caso, pondo-me noutro lado para não ser envolvido.
Elas vêm ao meu encontro.
Levanto-me, vou para o quarto e encosto a porta, como forma de rejeição.
Não as quero.
Não quero nada.
Ninguém.
Só a mim.
Elas não compreendem a rejeição. Arranham a porta, chateando os meus tímpanos.
Abro-lhes, deixo-as entrar e, rapidamente, põem-se aos meus pés.
Fico sem paciência para os ronronares e para as patas friccíveis. Chuto e meto-as no corredor.
Não me apetece o convívio, nem amar, seja o ser que/quem for.
Depois, volto a rever a minha atitude. Sinto mentira e nojo de mim.
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