
Costumavam aprender a falar desde muito cedo. Sabiam o alfabeto grego de trás para a frente. Também falavam latim e francês. Havia outras que arriscavam o inglês. O importante para elas era comunicarem, para que fossem eloquentes e muito boas conselheiras. Quando chegavam à adolescência, eram escolhidas pelos humanos daquele país para aconselhá-los nos caminhos difíceis da vida. Eram inteligentes!
Contudo, havia uma pequena coruja, que desde muito cedo, provocou grande aparato no mundo corujês… O seu ovo era torto e com pintas cor de rosa. As outras corujas bebés olhavam espantadas para o ovo matutanto do que sairia lá de dentro. No dia do seu nascimento, as suas irmãs discutiam em várias línguas, uma verdadeira torre de babel, quando o ovo, farto de as ouvir, rachou e a pequena coruja saiu de lá. Tinha os olhos muito arregalados, as penas espetadas na cabeça e umas asas tão pequenas que a coitada parecia mais uma codorniz. Olhava assustada para as suas irmãs. Impávida, porém assustada. As manas falavam que se fartavam e a mamã coruja, como andava a caçar minhocas, o ninho parecia um circo. As manas discutiam por a mais pequenina não falar. Debatiam-se, falavam alto, perdiam penas, maltratavam-se na língua do Egeu, até que a mais clara, num momento de desvario, mandou uma patada na outra por se enganar na gramática. A pequenina caiu do ninho e, como ainda não sabia voar, morreu estatelada no chão. A coruja acabada de nascer mandou um pio tão grande que fez com que a sua irmã assassina ficasse surda. Desde aquele dia nunca mais ouviu e, como tal, deixou de falar, confinando-se aos voos, ficando assim uma coruja estúpida.
A mamã coruja tinha visto tudo de longe e como achou que a nova bebé coruja era justiceira, decidiu dar-lhe o nome de Irina, em honra das Irinias, que eram figuras maléficas que faziam justiça com as próprias mãos quando um familiar matava o outro. Assim, a pequena coruja com ar de assustada, e muda como uma porta, começou a ser tratada por Coruja-Irina!
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Noutro dia continuo, quando estiver, igualmente, chateado.
1 comentário:
Não perco o próximo episódio...
I.
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