quarta-feira, julho 21, 2010

Dia

A noite foi menos penosa, respirei melhor, com pequenos abraços que me punham calmo e aconchegado.

Embora o dia começasse nebuloso, o sol apareceu e queimou-me durante alguns momentos, que me faziam ir à agua. Aproveitamos o bom tempo e saltámos do areal à procura do desconhecido, pelo menos para mim.

Deixámos as tralhas em casa, percorremos à beira do areal e atravessámos o rio ao encontro dos rochedos que picavam os pés e rasgavam o momento. Éramos 5, uns com mais performances do que os outros. Seguimos a trilha a procura dos caminhos. Houve quedas, transpirações, águas frias que nos cortavam as pernas. Tenho o pulso cortado, nada de valor em comparação às imagens que vi. Captei-as, assimilei-as e instrospectei , se tal termo existe no léxico português. Recordei a infância, aquando os meus tios em M.A. faziam-me caminhar com os meus primos e tio pelas trilhas. Não tive cachoeiras, tive o mar sempre do meu lado esquerdo, do meu lado que mais detesto e me é menos aprazível. Deixei de parte as minhas horas de seca de escola e estudos. Mantive-me livre durante horas e sem ressentimentos de estar a escrever sobre as patologias que assombram os dias das crianças. Elas que me perdoem, mas há dias não me apetece, simplesmente.

Descobri que lias o blog. De facto, tenho escrito sobre a minha vida pessoal. O blog anda chato e enfadonho, com momentos de trabalho e cansaço. Quando o criei, foi neste sentido. Era um estagiário desgraçado, depressivo, com uma mãe com cancro, numa cidade desconhecida, no fim de uma relação. Nada positivo. Mas o blog mantém-se, eu também.

Quanto à ti, há imenso para dizer, mas isso prefiro fazê-lo de olhos nos olhos, ou pelo menos em voz, sem que as coisas perdurem cá. Há coisas que não devem ser escritas, mas sim ditas, pois a escrita perdura, a voz fica na memória, na nossa memória.

Vou fumar o cigarro do meu pseudo-vício. Sei que não gostas, não me importo. Se for importante e te fizer muita confusão continuarás a ser pseudo. Que não sejas. Luto por isso.

Lutarás? Quero lá saber.

No fundo sabes.

Sem comentários:

 Sobre a mão Se pegasses na minha mão e me guiasses pelo Parnaso, Os meus dias seriam menos sedentos e sombrios, Sem os espasmos de sofr...