sábado, julho 24, 2010

Recordações

Acordei já passavam as 4h, com frio, sono, mas com vontade de ir. A estrada definia silhuetas extravagantes, onde me sacudiam de um lado para o outro com um único iogurte e meio copo de sumo. O meu estômago ressentia o chocalhar e os picos de dor de cabeça eram leves. Mantinha-me. Desdobrei o mapa que o meu pai me dera e seguia com o dedo o risco amarelo da nacional até Beja. Passei igualmente pelo IP2. A atmosfera revelava o laranja habitual dos dias do Alentejo. Recordo-me dos sonhos do monte alentejano, da viagem do sentido oposto, da minha digita que apagara as fotos e até do café fraco da residencial. Há dois anos que não vinha, mas a memória continuava fresca, lembrando-me das artérias, que ora pediam por sentidos únicos, ora por duplos. Estacionei à porta da EU e por espanto o portão estava aberto, deixando o claustro exposto e desprovido. Entrei, fotografei as janelas, recordei-me do meu concurso para Estudos Portugueses. A opção devia ao facto do Latim pesado ensinado nas salas frescas do edifício e pelas descrições que Virgílio Ferreira fazia das suas aulas chatas de gramática do secundário. A Morfologia e a Sintaxe eram coisas que desconhecia de forma metódica, mas Évora era um destino apetecível. A verdade é que entrei no Algarve e decidi i ficar em Viseu, ficando com uma pseudo-bolsa na FLUCP. Escolhas definidas que não influenciaram nada as minhas aprendizagens na área da Linguística.

Subi até o templo de Vespelano, tomei o pequeno-almoço nos Loios. Outrora fora um café e um cigarro, no fim de uma tarde. Na mesa ao lado tinha uma pivot com a filha. Parecia mais simpática. De facto somos diferentes de acordo com o mundo que nos envolve.

Desci até à Sé. A porta estava aberta, mas como a entrada à torre estaria ainda fechada, decidi descer mais, passar e fotografar a fachada da Reviera e acabar no Giraldo. O sol queimava as pedras e o alcatrão, fazendo sentir o vapor que outrora fora orvalho adormecido na cidade dos vestígios. Vestígios de uma história, de várias até, que me recordam os erros do livro de Latim do 10º e pedaços de mim e de todos aqueles que aqui passaram. Vou tomar mais um café pois tenho a torre, a Sé, a Capela dos Ossos, umas quantas Igrejas, um doce conventual, uma Fundação e uma quantas artérias que quero cheirar.

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No fim do dia, regressámos, juntos.

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 Sobre a mão Se pegasses na minha mão e me guiasses pelo Parnaso, Os meus dias seriam menos sedentos e sombrios, Sem os espasmos de sofr...