
Quanto aos medos, temos de os pôr dentro de uma caixa pequena, escondida no fundo do armário, para nos esquecermos dela, ou quando ela for aberta, não nos cause tantos danos como a de Pandora.
Temos de acreditar em nós próprios e aperfeiçoarmo-nos nas várias áreas da vida, para que nos seja dado o reconhecimento. Se tal não acontecer, jamais deveremos baixar os braços e enfiar a cabeça na terra. Deveremos olhar para o horizonte. Sermos capazes. E se não acreditarmos em fantasias e felicidades, basta acreditarmos nas nossas capacidades.
Sei que nem sempre temos estes momentos de euforia, de desejo de expansão, onde as coisas parecem sempre uma caverna húmida e sombria. Mas as pessoas que estão à nossa volta servem para nos tirar de lá. Mostrar-nos caminhos, dar-nos força. O marasmo há-de desaparecer e os dias serão como os de hoje: quentes e com luz.
Fica aqui um poema da Mensagem, de Pessoa.
- Sabes porquê? Porque acredido nas pessoas que olham para a vida de forma poética.
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade.
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