domingo, abril 16, 2006



Como todos os dias de Páscoa, oiço sinos pelas ruas, senhores de vermelho e crianças de branco a carregarem cartõezinhos para oferecerem aos crentes. Parece um ritual interessante e até acolhedor. Felizmente o tempo faz-me pensar e as coisas parecem que vão se iluminando a pari passu. Ora reparem - peço desculpas se ofender crentes, cristãos ou até mesmo fanáticos :


Caso não saibam ou estejam esquecidos, a cruz era considerada um instrumento de morte, desde a época dos Romanos. O meu querido povo clássico tinha por norma pregar, ou até mesmo amarrar os violadores, assaltantes e cristãos em cruzes, até a morte. Parece-me que as pessoas iam morrendo lenta e dolorosamente, com problemas respiratórios e inchaços nos membros. Um cenário horroroso, muito bem retratado n’ A Paixão de Cristo.
Basta fazermos um pouquinho de esforço mental para chegarmos à conclusão de que a cruz e era, à semelhança dos instrumentos de hoje, um aparelho de tortura e morte. O que me custa ver no dia de hoje é a falta de reflexão das pessoas a beijarem-na. Para mim seria o mesmo que beijarem um revolver calibre 38, uma cadeira eléctrica ou uma seringa de injecção letal. Sentem-se felizes e confiantes com a fé ao beijarem um antigo instrumento de morte? Eu não! Se querem beijar, beijem os familiares, começando pelos pais, avós, tios, irmãos.

Confraternizem, sintam-se amados, amem e demonstrem apreço pelos os que estão do nosso lado. Isso para não falar da higiene, pois um paninho não basta para matar as bactérias.
Não é por não beijar a cruz que faz de mim um ateu… é a minha consciência.
Peço, mais uma vez, desculpas aos católicos.


Boa Páscoa e confraternizem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá! Cheguei ontem e amanhã é Páscoa na minha aldeia. Lá vamos a beijar uma cruz.

Percebi o seu post, perfeitamente. Mas, sabe, sempre beijei, desde que me conheço, todos os anos, praticamente à mesma hora, aquela mesma cruz, enfeitada com tulipas da Tia Nanda, dada a beijar pelo Tio Mário e agora pelo filho, o meu afilhado João, depois que o pai morreu. É uma coisa muito entranhada.
Talvez: da cruz veio a redenção.

Também tive saudades da cavaqueira.

 Sobre a mão Se pegasses na minha mão e me guiasses pelo Parnaso, Os meus dias seriam menos sedentos e sombrios, Sem os espasmos de sofr...